RICARDO FRAYHA
produtor
©Galeria Experiência
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Teatro | CRIAÇÃO | 2009
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DIMITER GOTSCHEFF
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Hamlet Máquina
Como homem engajado politicamente, Heiner Müller foi um privilegiado. Ele viveu o suficiente para ver sua ideologia passar ao plano da ação e teve espaço, por certo tempo, para trabalhar em favor do sonho compartilhado de justiça e igualdade. Porém, também testemunhou esse ideal corromper-se nas mãos dos homens e virar pó diante de seus olhos. O dramaturgo alemão, que completaria 80 anos em 2009, teve a sua obra e existência diretamente ligadas à República Democrática Alemã. Sua figura representava ao mesmo tempo um símbolo dessa utopia e um observador crítico de uma realidade que preferia distanciar-se do resto do mundo. Um perturbador em ambos os lados do muro. Seus textos, de caráter político, captam a essência das relações sociais humanas e convocam cada espectador a um questionamento pessoal. Defensor de um teatro formalista, que refutava qualquer muleta cênica, Müller pressupõe seu público como co-construtor de cada obra: ela só se constitui de fato no relacionamento pessoal com a estrutura de discurso que propõe. Como homenagem ao dramaturgo, o Goethe-Institut São Paulo realiza em parceria com o SESC SP a peça Hamlet-Máquina em uma encenação de Dimiter Gotscheff do Deutsches Theater, Berlim. Concebido em 1977, Hamlet-Máquina é um dos mais consagrados trabalhos da linha desenvolvida pelo dramaturgo que dialoga com textos fundamentais da história da cultura ocidental. Criando pontos de conexão com
Hamlet, de Shakespeare, a peça convida a uma jornada crítica sobre a trajetória de nossa civilização. Nela, conflitos já evidenciados na grande obra do mestre inglês aparecem revistos pelo olhar contemporâneo – prova irrefutável de que a essência dos dilemas humanos não se perde com mudanças conjunturais. Entre eles, podemos destacar o questionamento sobre como se posicionar, enquanto ser pensante, frente à desintegração social e moral. A obra, criada em tempos de arrefecimento político na Alemanha Oriental, mostra-se igualmente pertinente e ácida para o público hoje.
Wolfgang Bader
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DIMITER GOTSCHEFF​
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Nascido na Bulgária em 1943, Dimiter Gotscheff foi para Berlim Oriental no início dos anos sessenta para estudar medicina veterinária. Ele logo se tornou aluno e colega de Benno Besson no Deutsches Theatre e no Volksbühne na Rosa Luxemburg Platz, em Berlim. Em particular, suas produções de Heiner Müller, incluindo Philoktet em Sofia, em 1983, e Quartett em Colônia, em 1985, causaram uma grande repercussão. A partir de meados dos anos oitenta, dirigiu em muitos teatros de língua alemã, de Viena a Hamburgo. Suas produções podiam ser vistas regularmente no Berlin Theatertreffen, incluindo sua versão de 2006 de Ivanov de Tchekhov, do Berlin Volksbühne, bem como a produção de 2007 de Tartuffe de Molière, uma coprodução do Salzburg Festspiele e Thalia Theater. No mesmo ano, Os Persas, dirigido por ele no Deutsches Theatre em Berlim, foi eleito Produção do Ano na votação anual da crítica realizada pela revista Theaterheute. Dimiter Gotscheff recebeu o Prêmio Peter Weiss, concedido pela cidade de Bochum. Na temporada temporada 2009/2010, ele estreou sua produção Ödipus, Tyrann de Sophocles / Hölderlin / Heiner Müller no Thalia Theatre. Em Antígona, na tradução de Friedrich Hölderin, Dimiter Gotscheff continuou sua investigação intensiva dos clássicos gregos. Sua produção de Immer noch Sturm, de Peter Handke, no Thalia, uma coprodução com o Salzburg Festspielen, foi eleita peça do ano de 2012 e recebeu o Mülheim Dramatikerpreis. Dimiter Gotscheff morreu em † 20 de outubro de 2013.
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HAMLET MÁQUINA
de Heiner Müller | Tradução: Christine Röhrig / Marcos Renaux | Direção: Dimiter Gotscheff | Elenco: Dimiter Gotscheff, Paula Cohen e Gero Camilo | Assistente de Direção: Annette Ramershoven | Iluminação: Alessandra Domingues | Som: Felipe Pires Ribeiro | Direção Técnica: Julio Cesarini | Cenotécnico: Wanderley Wagner da Silva | Design Gráfico: Érico Peretta | Fotos: Galeria Experiência
Uma adaptação da montagem do Deutsches Theater, Berlim, 2007 | Cenário e Figurino: Mark Lammert | Música: Bert Wrede | Dramaturgia: Bettina Schültke | Iluminação: Henning Streck
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Produção no Brasil: prod.art.br | Produção artística: Matthias Pees e Ricardo Muniz Fernandes | Produção executiva: Jussara Rahal, Ricardo Frayha
Realização: Goethe Institut em colaboração com Sesc São Paulo, Sesc Rio, Festivais de Teatro de Montevidéu e Córdoba
CPT - Sesc Consolação (workshops)
São Paulo, SP, Brasil
04 a 19/02/2009
Sesc Santana
São Paulo, SP, Brasil
02 e 03/09/2009
Espaço Sesc Copacabana
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
08 e 09/09/2009
Teatro Solis
Montevidéu, Uruguai
30/09 e 01/10/2009
Teatro Real
Córdoba, Argentina
04 e 05/10/2009