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Teatro | CRIAÇÃO | 2017

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THE LIVING THEATRE
 

Despertar Elétrico

Despertar Elétrico investiga como podemos despertar os poderes adormecidos para desmantelar os sistemas de corrupção e morte que nos escravizam. Despertar Elétrico é um tratado da revolta do corpo. Nossas memórias e identidades estão escritas em toda a nossa carne, então voltamos ao corpo para limpar a lousa e começar de novo; forjar novos sistemas e novos relacionamentos entre si. Invocamos o ciclo de vida humano como uma forma de exploração. No entanto, em nossa peça, invertemos o ciclo, começando com nossa morte e terminando com nossa concepção, a fim de manifestar um renascimento para os artistas e para o público. A transição da morte para o nascimento é influenciada pelos escritos de Artaud, "A Praga", uma obra importante na práxis do Living. A experiência da morte permite que o público se conecte com sua própria passagem inevitável, mas, em vez de abordá-la com medo, o uso de ritual, música, movimento e linguagem permitirá que os participantes mudem a percepção de sua própria mortalidade e infundam-na com consciência, paixão e um sentimento revitalizado de uma rebelião contra tudo que é falso que nos é ensinado desde o nascimento. O objetivo do Despertar Elétrico é matar as partes de nós mesmos e do nosso sistema que não nos servem; as pessoas e a Terra. O Despertar Elétrico desafia os participantes a buscar sua própria transformação interna, atraindo-os através de um ritual de nascimento radical. Começamos reconhecendo nossos próprios medos, vergonhas e desejos e avançamos para a criação de um novo sistema de vida dentro de nós mesmos, para que possamos reunir-nos coletivamente como sociedade e começar a desmantelar os atuais sistemas sociais opressivos existentes e então começar a criar novos que permitam que os humanos se beneficiem, e não sofram, de sua existência. A criação da peça incluiu um workshop de quatro dias com 20 artistas brasileiros que fizeram parte da modelagem da peça por meio de uma intensa troca de idéias. O trabalho final foi a síntese do compartilhamento comunitário. Este trabalho imersivo contou com os artistas acolhendo e guiando o público durante toda a apresentação. Juntamos nossa passividade e descobrimos uma transformação coletiva.

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THE LIVING THEATRE

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Fundado em 1947, em Nova Iorque, por Judith Malina e Julian Beck, o Living Theatre já estava, em seu nascimento, diretamente ligado a uma importante renovação no território teatral da segunda metade do século XX. Junto a outros grupos experimentais nova-iorquinos, deu origem ao movimento off-Broadway, ocupando pequenos teatros ou adaptando armazéns desativados e visando discutir em cena temas da atualidade e a própria natureza do fazer teatral, numa estrutura frontalmente contrária às produções voltadas para o sucesso de bilheteria e o entretenimento fácil. Bastante influenciado inicialmente pela tradição do teatro político do alemão Erwin Piscator – de quem Judith Malina foi aluna e por meio do qual tomou contato com o teatro épico de Bertold Brecht – o Living Theatre associou às teorias do teatro engajado de visão marxista outras referências poéticas, filosóficas e teatrais, direcionando-as para uma obra e uma postura política voltadas à revolução não violenta e ao anarquismo. Absorvendo e antecipando características, percepções e comportamentos típicos da revolução cultural ocorrida após a Segunda Guerra Mundial, o grupo veio a se tornar conhecido como o teatro da contracultura, engajando-se em manifestações teatrais de rua e realizando na cena uma inesperada combinação da racionalidade do teatro dialético com o teatro da crueldade de Antonin Artaud. Tendo o ativismo político e o entrelaçamento entre arte e vida como suas grandes marcas, o Living Theatre manteve constante em suas criações a colaboração com ativistas, em torno de diversas lutas e numa relação direta com as questões mais urgentes da realidade. Enfrentando, por vezes, as dificuldades práticas da manutenção de uma proposta estética contestatória – a complexa equação entre a necessidade de financiamento das produções e o desejo de não cobrar ingressos, por exemplo, além das constantes mudanças de endereço motivadas frequentemente por problemas com o Estado – o grupo obteve seu primeiro grande sucesso com A Conexão (The Connection), de 1959, cujo hiper-realismo no retrato de um grupo de usuários de heroína gerou um misto de surpresa e encanto no público e, a partir da qual, os atores passaram deliberadamente a representar a si mesmos. Desde então, a companhia passou a excursionar pela Europa e a ser aclamada nos mais importantes festivais como o Festival das Nações, de Paris, em 1961, e o Festival de Avignon, em 1968. Ao mesmo tempo, a radicalidade de suas criações não deixou de gerar controvérsias e extremas reações repressivas, como foi o caso de sua expulsão de Avignon pelas autoridades locais com sua peça Paraíso agora (Paradise now). Em 1970, o grupo veio ao Brasil a convite de José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina, que os conhecera em Paris naquele mesmo ano. No ano seguinte, quando o grupo preparava um trabalho paralelo para o Festival de Inverno de Ouro Preto, em Minas Gerais, teve sua prisão decretada pelo DOPS, o que repercutiu internacionalmente e mobilizou ações de protesto na Europa e EUA, levando-os a serem expulsos do país por decreto presidencial – Judith Malina só viria a ter sua entrada no país liberada em 1990, por meio da revogação do decreto de 1971 pelo então presidente Fernando Collor e seria condecorada, como forma de reparação, com a Ordem do Mérito Cultural pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008; Julian Beck falecera em 1985. Nas décadas seguintes, o Living Theatre continuaria sua atuação alternando-se entre longos períodos de residência na Europa – passando pela Bienal de Veneza em 1975 –, excursões pelo interior dos Estados Unidos e o estabelecimento de sedes com maior ou menor longevidade em Nova Iorque. Mesmo com a morte de Judith Malina, em 2015, o grupo continua ativo, a seu pedido, operando coletivamente com a orientação de várias gerações de membros da companhia. Sua trajetória septuagenária, que conta com cerca de cem peças, representadas em oito línguas, em 28 países, constitui uma das maiores referências da vanguarda teatral mundial e
segue inspirando novas gerações teatrais.

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DESPERTAR ELÉTRICO

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Living Theatre : Leah Bachar, Brad Burgess, Natalia de Campos, Jessica Daugherty, Brad Hamers, Monica Hunken, Mattias Kraemer, Dennis Yueh-Yeh Li, Lois Kagan Mingus, Philip Santos Schaffer, Ilion Troy, Thomas S. Walker, em colaboração com participantes brasileiros do workshop.
 

Produção: Performas Produções Artísticas e prod.art.br | Direção geral: Andrea Caruso Saturnino, Ricardo Muniz Fernandes | Produção executiva: Ricardo Frayha | Coordenação de produção: João Moreira | Design gráfico: Erico Peretta

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A performance DESPERTAR ELÉTRICO foi criada como parte da exposição LIVING THEATRE, PRESENTE!, com curadoria de Andrea Caruso Saturnino, Inês Cardoso e Ricardo Muniz Fernandes

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Realização: Sesc São Paulo

Sesc Consolação

São Paulo, SP, Brasil
03 a 07/11/2017

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